Os mais potentes fatores capazes de desencadear a síndrome da apnéia obstrutiva do sono são a obesidade (particularmente a adiposidade central), o sexo masculino e a idade avançada. O grau de obesidade guarda relação direta com a prevalência de apnéias obstrutivas. Nos indivíduos com sobrepeso a prevalência da síndrome da apnéia obstrutiva do sono chega a 30% a 40%, enquanto naqueles com índice de massa corporal (IMC) acima de 40 kg/m2 a prevalência alcança mais de 90%. A obesidade aumenta a colapsabilidade faríngea tanto pelo efeito mecânico dos tecidos moles do pescoço sobre a faringe e da redução do volume pulmonar que acontece nesses pacientes quanto por deterioração do controle neuromuscular, vinculado à ação de adipocinas. Nesse grupo de indivíduos as diferenças na distribuição e na atividade metabólica do tecido adiposo podem modificar os componentes mecânico e neural da colapsabilidade faríngea, favorecendo a ocorrência de apneias obstrutivas.
A prevalência de obesidade entre os portadores de síndrome da apnéia obstrutiva do sono também é alta. Diversos mecanismos ligados à privação de sono e à descontinuidade do metabolismo parecem agravar o estado de obesidade dos pacientes com síndrome da apnéia obstrutiva do sono, por meio da resistência à leptina e do aumento dos níveis de grelina, promovendo aumento do apetite e da ingestão calórica, e por intermédio da resistência à insulina, levando ao diabetes.
Com o aumento progressivo da obesidade, a síndrome da apnéia obstrutiva do sono pode contribuir para a instalação, nesses pacientes, de hipoventilação alveolar, mesmo diurna, desenvolvimento de hipertensão vascular pulmonar, cor pulmonale e insuficiência respiratória aguda.
A distribuição central da gordura responde também pela maior predominância do sexo masculino no desenvolvimento de síndrome da apnéia obstrutiva do sono, enquanto a adiposidade periférica e a ausência do hormônio testosterona, possivelmente, protegem as mulheres contra as apnéias obstrutivas.
Já o envelhecimento contribui para o aumento da prevalência da síndrome da apnéia obstrutiva do sono por meio do papel no aumento progressivo da complacência das vias aéreas superiores, com consequente aumento da predisposição ao colapso.